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Dandara aciona MPMG e acusa vice de Uberlândia de assédio moral após vídeo sobre Consciência Negra
Por Administrador
Publicado em 27/11/2025 13:40
Justiça

Fonte: Jornal O Tempo (Belo Horizonte)

A deputada federal Dandara Tonantzin (PT) acionou o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) contra a Prefeitura de Uberlândia e o vice-prefeito Vanderlei Pelizer (PL), após a divulgação de um vídeo nas redes sociais em que Pelizer critica um projeto educacional sobre o mês da Consciência Negra desenvolvido pelas escolas municipais. A parlamentar solicita apuração por assédio moral e o cumprimento de decisões judiciais relacionadas ao ensino obrigatório do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e de História e Cultura Afro-Brasileira.

O vídeo, publicado no Instagram, mostra Pelizer criticando a exposição “Visualidades – Pluralidade Afroindígena em Nós”, realizada por unidades escolares de Uberlândia. Em um dos trechos, ele grava uma criança recitando um poema e classifica a atividade como “lavagem cerebral”. Em outro momento, questiona uma profissional sobre o conceito de “empoderamento” — termo cuja origem ele também contesta. Na legenda, o vice-prefeito afirma ainda que o racismo no Brasil é “marginal, não estrutural”.

“O racismo tem que ser eliminado, isso para nós é muito caro. O que nós não podemos aceitar é uma lavagem cerebral que é realizada, muitas vezes, em nossas crianças... orientadores despreparados que não sabem nem explicar aquilo que está se ensinando”, declarou Pelizer no vídeo.

A resposta da deputada veio em tom firme. Dandara Tonantzin cobrou ações concretas da Prefeitura de Uberlândia no enfrentamento ao racismo e no cumprimento das leis educacionais:

“Empoderamento é o povo negro conhecendo sua história, não aceitando a invisibilidade. Pelizer só se comove quando pessoas pretas não se submetem à subalternidade e à violência que o racismo impõe todos os dias”, afirmou.
“Representarei contra o vice-prefeito por assédio moral e também contra o Executivo para que preste contas do cumprimento da sentença judicial.”

A decisão judicial mencionada pela parlamentar obriga o município, há mais de dois anos, a implementar o ensino do ECA e da História e Cultura Afro-Brasileira em toda a rede municipal. Segundo Dandara, Uberlândia não teria comprovado o cumprimento das determinações, o que motivou o ofício enviado ao Ministério Público.

Em nota, Pelizer afirmou ser contrário ao que chamou de “atuações ideológicas” nas escolas e disse ser alvo de grupos que “não aceitam o livre debate” nem opiniões divergentes:

“Sou totalmente contra aqueles que, em vez de ensinar, tentam doutrinar crianças com pautas comunistas, ideologias de esquerda ou agendas político-partidárias. Professor tem que ensinar sua matéria e formar cidadãos, não transformar sala de aula em palanque.”

 

A Prefeitura de Uberlândia também foi procurada pelo jornal, mas não respondeu até o fechamento da matéria.

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